Acabei de chegar dos escombros soçobrantes de São Luis do Paraitinga.Fiquei muito emocionado. A imagem é de terra arrasada, muito pior e mais grave do que mostrado na mídia.
Além da enorme, imensurável e irreparável perda ambiental, cultural, arquitetônica, há a sentida pestilência no ar. O cheiro constante de coisas úmidas em estado de putrefação.
Todos os processos do fórum, creio eu, foram perdidos, incluindo as Ações Civis Públicas emblemáticas instauradas a rogo e luta dos movimentos populares. O Fórum virou um chiqueiro, um lamaçal pestilento e abandonado.
Parece cenário da Faixa de Gaza ou da Bósnia após os bombardeios norteamericanos. É muito difícil imaginar quando a cidade irá ser, ao menos, limpa, quanto mais reconstruída.
Falei pessoalmente com o amigo de lutas Marcelo Toledo. Fui dar-lhe um abraço. Achei-o limpando os escombros da casa de sua mãe (patrimônio secular) também aluído bem na praça central da cidade.
Imagem surreal: Defronte as ruínas da igreja matriz de S. Luis se é possível observar uma geladeira pendurada sobre os fios de alta tensão da rede elétrica, a mais de cinco metros de altura.
Graças à mobilização humanitária da região, há alimentos e materiais de limpeza em quantia necessária. Medicamentos também.
Mas é preciso que todos realmente colaboremos com as doações de roupas, materiais de higiene, água potável, pois São Luis foi destruída.Difícil imaginar a recuperação urbanística, ambiental, social e humana da cidade. É terrível.Depois ainda querem crer que o planeta não está deveras doente com as sujidades humanas, produzidas por esse modelo econômico perverso.
Gostaria de pedir a contribuição de todos para os paliativos humanitários ao povo de São Luis. Por ora, é só esperar ver se os governos irão liberar verbas necessárias à recuperação da cidade.
Fortes abraços a todos, e bom ano de 2010, se possível!
Wagner Giron de la Torre
Defensor Público
Coord. da Defensoria Regional de Taubaté
(12) 3624-2676
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